sábado, 22 de outubro de 2011

Terra dos Marechais - São Gabriel/RS




A história da cidade remonta aos idos de 1750, com o surgimento das primeiras estâncias jesuíticas, dos Sete Povos das Missões, de São Luis, São João e São Lourenço. Pelo Tratado de Madri, assinado naquele ano, o que constituía o território do atual município passou a pertencer a Portugal, pois até então era Espanha, servindo o rio Santa Maria de divisa. Mas as disputas internas entre castelhanos, portugueses e índios só permitiram a demarcação do território partir de 1784.




Em 2 de novembro de 1800 o naturalista espanhol Félix de Azara viria a fundar, junto ao Cerro do Batovi, uma povoação, com o nome de São Gabriel, supõe-se uma homenagem ao vice-rei do prata, Gabriel de Avilez y del Fierro. A guarda castelhana de 90 homens, teve de logo retirar-se, pois estava contra esta o coronel Patricio José Correia Câmara, que mandou uma tropa e tomaram o local.



Em 1809, São Gabriel pertencia a Rio Pardo com o nome de distrito do Vacacaí. Uma provisão de 28 de dezembro de 1815 estabelecia capela curada, e em 1826, chegava o 1° padre na cidade, João de Almeida Pereira.



O acordo sobre os limites da fronteira, assinado em 1819, em Montevidéu, incorporava São Gabriel ao Brasil de caráter definitivo (nessa época fazendo parte do município de Cachoeira do Sul).

Prédio sendo restaurado em frente à Praça Central. Aqui, Dom Pedro II  se hospedou.


Em 1840, durante a Revolução Farroupilha, foi escolhida como sede do governo da República Riograndense.



No dia 4 de abril de 1846, a então povoação de São Gabriel recebeu a visita do imperador Dom Pedro II, sendo elevada a categoria de vila e instalada a câmara de vereadores no município, sendo esta data considerada de emancipação e atual feriado municipal.




Em 15 de dezembro de 1859, foi elevada a condição de cidade, durante a presidência do conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão.


Igreja da Nossa Senhora do Rosário de Bom Fim


O território do atual município de São Gabriel foi marcado ao longo da história por diversos combates e batalhas que estão na história, não só do município, mas também na História do Brasil.




Batalha do Caiboaté


Em 10 de fevereiro de 1756, no território onde hoje encontra-se o município de São Gabriel, ocorreu a Batalha de Caiboaté. Durante essa batalha entre índios guaranis dos Sete Povos contra as forças luso-espanholas, tombou em combate, nas cercanias da Sanga da Bica, no que hoje é o centro da cidade de São Gabriel, Sepé Tiarajú, grande líder indígena e, considerado por muitos, nos dias de hoje, santo popular. No local onde ele tombou, dentro da cidade, foi erguido um monumento, uma cruz de Lorena de madeira, a cruz dupla, que sempre foi o simbolo dos padres Jesuítas das missões. Com a morte de Sepé Tiarajú, aproxima-se o fim dos conflitos entre os indígenas dos Sete Povos das Missões e as forças de Espanha e Portugal, confronto este, denominado Guerra Guaranítica.

No local onde se travou o combate, a cerca de 20km ao norte da atual sede municipal, foi erguido um monumento em memória dos que ali tombaram.






Batalha do Cerro do Ouro


O combate ocorreu às margens do Arroio do Salso, no Distrito de Cerro do Ouro, em agosto de 1893, durante a Revolução liderada por Gaspar Silveira Martins e Gumercindo Saraiva contra o governo de Júlio de Castilhos, chamada de Revolução Federalista. Sendo uma das batalhas mais sangrentas do conflito, com mais de 200 mortos. Perto do local, numa coxilha próxima existe um monumento em homenagem aos que ali morreram.


Prefeitura Municipal






SÃO GABRIEL historicamente é ligada as armas, TERRA DOS MARECHAIS, como é chamada, já que aqui nasceram os Marechais João Propício Menna Barreto, Fábio Patrício de Azambuja, o Presidente da República Hermes da Fonseca e Mascarenhas de Moraes, o comandante da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, durante as batalhas na Itália. Outros militares gabrielenses fizeram parte da história nacional, como o Coronel José Plácido de Castro, o desbravador que conquistou o Acre.

A vocação militar conviveu pacificamente com a Poesia e outras artes, projetando para o Brasil o gabrielense Alcides Maia, o primeiro Gaúcho admitido na Academia Brasileira de Letras e o Padre Leonel Franca, teólogo fundador da PUC do Rio de Janeiro.

A história política do Município conta com personagens como o Castilhista Fernando Abbott, Presidente do Estado e o Embaixador Francisco de Assis Brasil, fundador e líder do Partido Libertador.

Teatro, cuja restauração está por começar

O que mais me encantou nessa cidade?  A consciência que as pessoas tem de preservar a sua história, a sua arquitetura. A grande maioria dos prédios antigos estão com a fachada preservada. Outros, estão em fase de restauração. Além disso, a hospitalidade com que nos receberam lá. E, claro, a ótima organização da 18ª Estância da Canção Crioula, o festival local que, pela primeira vez, tive a oportunidade de participar. Meu retorno está agendado para 2012, por ocasião deste maravilhoso evento.


* Post especial para a minha amiga e colega Lisiane Veríssimo.


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